Janete Krueger em: “ONDE HABITAMOS”, segundo texto da colunista aqui no Notícias de Penha

ONDE HABITAMOS

Você sabe o que é e para que serve a infra-estrutura de uma cidade? E já parou para pensar o quanto a falta de infra-estrutura afeta a vida das pessoas? Tanto para os residentes quanto para os visitantes. Vamos aos esclarecimentos e fatos. 

Sistema de infra-estrutura é dividido em sistema viário, sistema sanitário, sistema energético e de telecomunicações, então estes quatro sistemas são os grandes conjuntos que compõem a zona urbana de uma cidade. Obviamente todos tem suas subdivisões e especificidades, que devem ser tratadas de forma técnica, economicamente viável e por prioridade de impacto direto no funcionamento da cidade e qualidade de vida dos usuários. Um gestor público deve ter aos menos noção dos grandes grupos e suas subdivisões para desta forma equipar as secretarias de sua administração, com pessoas capazes de administrar e executar os serviços necessários, bem como obter de forma direta ou indireta, os equipamentos necessários para tais serviços.

Baseado na explicação acima, um cidadão ou uma cidadã deve sempre se fazer uma pergunta: Por que as cidades definitivamente não funcionam? Seria culpa apenas dos gestores? Ou seria culpa apenas dos usuários? Vamos agora, aos fatos. Nenhuma cidade é feita de um bloco linear onde tudo funciona de forma harmônica, no qual um dita a regra e assim se sucederá todo o processo. A cidade é um complexo vivo, dinâmico e afetado diretamente por uma série de fatores, sendo o ator principal, o famoso jogo de interesses. Esses podem ser econômicos ou de poder, mas fato é que, o pensamento do coletivo, do bem comum, das cidades do futuro é algo ainda distante do momento presente. Se por um lado os gestores, que deveriam ser os regentes da orquestra, brigam pelo poder político, há uma outra fatia que defende seu poder econômico e no entorno temos vários outros grupos, que correm em círculos, finalizando com aqueles que realmente procuram o bem comum e defendem a cidade do futuro, que é economicamente viável, socialmente justa, sustentável e que preserve sua essência cultural.

E quando se percebe a falta de consenso para as cidades do futuro, que precisam de qualidade, percebemos que estamos ladeira abaixo. E essa ladeira pode ser ainda pior em dias de chuva e deslizamentos de terra. E mesmo que tenha usado este trocadilho com uma figura de linguagem, é fato que todas as temporadas de chuvas são utilizadas pelos gestores como sendo o limite de tragédias e lançam o jargão de sempre: esta será a ultima vez. A população por sua vez, descrente, limpa, arruma, finge se importar e segue a vida.

A grande roda, que faz a cidade girar, é impulsionada por todos estes fatores, sejam positivos ou negativos, pois uma cidade é viva, é fervente e cheia de causos, desafios, vidas e energias. Mas que necessita da infra-estrutura para sobreviver e esta precisa ser oferecida com qualidade e quantidade suficientes para seus moradores e seus visitantes.

A demagogia implantada nas cidades manipula de forma incontestável a opinião popular, incluindo promessas de melhorias na infra-estrutura, que provavelmente não serão realizadas, mas de todas as formas vale a reflexão, seja para a mudança ou para a aceitação do famoso “deixa assim que tá bom”.  Reflita e defina seu conceito!

 

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