Às 4h da manhã o relógio desperta em uma casa da Rua das Bromélias, no Bairro Nossa Senhora de Fátima, em Penha. A moradora, a dona de casa Edicleia Amorim, 30 anos, mãe de duas filhas, começa a se organizar para sair. Prepara o café, troca as filhas e ganha as ruas em direção ao bairro vizinho, onde há um posto de saúde em funcionamento. São mais de 30 minutos de deslocamento. A unidade próxima à casa dela, a cerca de cinco minutos a pé, foi inaugurada há um ano e oito meses e ainda não foi aberta à comunidade.
“Há muita promessa, mas pouca ação”, resume a moradora.
O posto de saúde do Nossa Senhora de Fátima foi inaugurado no final de 2016, pelo ex-prefeito Evandro Eredes dos Navegantes (PSDB). O prédio é amplo e a construção da unidade foi acompanhada de perto pelo Conselho Municipal de Saúde e, claro, pelos moradores.
A aposentada Zelina Brockveld Vieira vive realidade parecida com a da moradora Edicleia. Com 67 anos de idade, Dona Zela, como é mais conhecida, tem dificuldade para percorrer grandes distâncias. “Teve um dia no verão em que eu passei mal indo para o posto da Cohab. Estava muito quente e fui a pé. A gente não tem condições e faz como pode. Se o posto aqui do bairro já estivesse aberto, seria muito melhor”, afirma.
Vai no Cras que resolve; será?
Sempre que precisam de algum atendimento rápido, os moradores acabam procurando atendimento no Centro de Referência de Assistência Social (Cras), que fica ao lado do posto de saúde fechado. O Cras é mantido pelo governo do estado com verbas do governo federal. Lá, contudo, o atendimento não é o mesmo encontrado em unidades básicas de saúde. O foco do Cras é a assistência social, como indicado na sigla.
“A gente escuta isso de gente da secretaria de Saúde. Quando ligamos perguntando quando o nosso posto será aberto, eles dizem para a gente procurar atendimento no Cras. As meninas que trabalham lá são ótimas, mas o serviço é diferente de um posto de saúde”, disse Edicleia.
Segundo ela, o prefeito Aquiles da Costa (MDB) prometeu abrir o posto em duas datas; a primeira em dezembro do ano passado e a segundo em março desse ano. “Como você pode ver, o posto continua fechado e ele [prefeito] ainda não veio aqui no bairro ver a nossa situação. Conseguiu agenda e tempo só para pedir voto. Agora, quando mais precisamos, não aparece”, completou a moradora.
Questionada, a prefeitura informou que faltam móveis no interior da unidade. “A compra já foi homologada e os móveis devem chegar nos próximos 30 dias. A previsão é que o posto seja inaugurado ainda em setembro”, garantiu a prefeitura.
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