Nota de falecimento: padre Alcimir Pillotto

Faleceu nesta sexta-feira, aos 72 anos, o padre Alcimir Pillotto, que foi pároco no município de Penha por 13 anos. O velório ocorre a partir das 18:30h na Igreja Nossa Senhora da Saúde de Baliza, na cidade de Gaurama, no Rio Grande do Sul. A missa de corpo presente será neste sábado (03), ainda sem horário definido.

Pillotto recebeu em setembro de 2021, uma notificação do desligamento da função de padre, ao ser acusado de revelar a confissão de fiéis e de ter mantido um relacionamento amoroso com sua secretária particular da Diocese de Blumenau, que morava na mesma casa que o ex-padre. A defesa do acusado alega, porém, que a mulher não mantinha qualquer vínculo do tipo com o cliente. Na ocasião ele recorreu ao Supremo Tribunal Federal (STF) para questionar e reverter a sua expulsão do clero por parte do Papa Francisco. A defesa do antigo clérigo tomou a decisão depois do Tribunal de Justiça de Santa Catarina (TJ-SC) considerar que não é responsabilidade da Justiça brasileira julgar o caso.

“Muitos padres têm esses secretários, na maioria homens, mas, com o Padre Pillotto, surgiu esse entrevero e desconfiança, por ela ser mulher, o que é um preconceito absurdo, sendo que [ele] nunca foi advertido e [a Igreja] aceitava que morassem na mesma residência”, argumenta o advogado Telêmaco Marrace, em petição. A defesa alegava que os dois moravam juntos há mais de 20 anos e nunca foram questionados sobre a convivência.

“A estrutura e a rotina na igreja é uma coisa complexa. O que acredito é que, em uma disputa de poder com outros padres no local, relatos mentirosos começaram a acusar e apontar um namoro que nunca existiu, justamente com o intuito de prejudicar e retirar o título dele”, afirmou Marrace ao portal Metrópoles, em reportagem de fevereiro de 2023.

Direito à ampla defesa

De acordo com o advogado, a decisão do papa foi publicada sem que o Tribunal Eclesiástico, divisão interna da Igreja Católica que julga casos como o de Pillotto, terminasse de organizar a defesa do ex-sacerdote. “Na minha opinião, os juízes de Blumenau não julgaram o mérito da questão. Como não posso recorrer mais ao Tribunal Eclesiástico, porque as decisões do papa não são questionáveis, decidi entrar no STF, alegando que a medida fere o direito constitucional de ampla defesa do padre”, reforçou.

Em dezembro de 2022, o TJ-SC determinou que não cabia à Justiça cuidar do caso do ex-padre. Para a defesa de Pillotto, porém, a Igreja se submete à Constituição Federal e, por isso, usufrui de diversos benefícios, como a isenção de impostos, por exemplo. Além disso, Marrace relembra que a Santa Sé responde à Constituição brasileira desde tratado assinado com o Brasil em 2008. “O objetivo é que a Justiça faça o caso retornar ao tribunal interno da igreja, para que, com a defesa estruturada, o meu cliente tenha direito de mostrar o seu lado”, completou.

Ao ser exonerado, Pillotto perdeu o salário eclesiástico, chamado de Côngruas, mas conseguiu manter o plano de saúde assegurado pela Diocese. A defesa relata, contudo, que o idoso enfrentava um câncer e já não contava com a renda necessária para manter os gastos com os remédios envolvidos no tratamento. Na época da reportagem, quatro meses atrás, o ex-padre morava com o irmão, em Erechim (RS), onde dava continuidade às sessões de quimioterapia e radioterapia. Já a ex-secretária envolvida na polêmica seguiu para Curitiba (PR).

Com informações do portal Metrópole