O Janeiro Branco – campanha nacional voltada aos cuidados à saúde mental das pessoas – vem sendo alvo de palestras estratégicas com profissionais que atuam na Rede Municipal de Saúde. A psicóloga da equipe Multidisciplinar da Secretaria da Saúde, Meire Araújo, é quem está à frente do trabalho, promovendo um diálogo franco e despido de preconceitos que ainda circundam a temática da saúde mental. “Vivemos em uma sociedade repleta de cobranças, de crenças e modelos estereotipados. Às vezes, por acharmos que estamos fora desse modelo ou mesmo por nos cobrarmos muito por essas questões, acabamos adoecendo nossa mente”, afirma a psicóloga – explicando que a cor branca e o primeiro mês do ano possuem um simbolismo estratégico: “Não são por acaso. É uma fase pautada por mudanças, por recomeços”.
Meire pontua ainda que o início de novos ciclos tende a “gerar e aumentar ansiedade, seja pela frustração do não cumprimento das metas do ano anterior, ou como pelo anseio de novas conquistas. O branco traz a ideia de uma página zerada, com a possibilidade de novas escritas, ou quantas reescritas se façam necessárias. Felicidade não é um lugar onde se chega, mas, a forma como caminhamos”. O foco da conversa com os profissionais é justamente fazê-los entender a lidar com as dores emocionais.
“Nos tornamos uma sociedade que ‘aprendeu a medicalizar as dores emocionais’, não a lidar com elas. E, também devido a isso, já estamos no ranking entre os países mais ansiosos do mundo e entre os primeiros da América Latina em casos de depressão”, complementa a psicóloga. A boa qualidade da saúde mental dos funcionários da saúde também incide diretamente em um atendimento mais pleno ao paciente”, aponta o secretário de Saúde, Rodrigo Medeiros.
“Precisamos cuidar também da saúde das nossas equipes profissionais, que dedicam seu cotidiano no zelo alheio, no bem-estar de pessoas que nos procuram diariamente em busca de tratamento. Mas, quem cuida também necessita de cuidados”, enriquece o gestor da pasta, pontuando que há psicólogos e terapeutas no plantão da Secretaria para atender pacientes que necessitem de apoio.
FIQUE ATENTO
Meire aponta sinais de atenção para Saúde Mental: preocupações excessivas, perda de interesses, alterações de sono, alterações de peso (não justificados por dietas), alterações de humor (não justificados por lutos), mudanças abruptas em ciclos de euforia e manias e quaisquer mudanças e inadequações alheias ao cotidiano pessoal.
Para obter o “bem-estar integral” – definição utilizada por Meire para plenitude de corpo e mente – ela acredita que espiritualidade, prática esportiva, convívio social e processos psicoterapêuticos (conduzidos por profissionais habilitados). “Entendendo este último aspecto como sendo um processo de autodescobertas, fica o registro pela busca do tratamento responsável com profissionais capacitados e habilitados para a finalidade maior, a de autoconhecimento, tão necessário à esfera da Saúde Mental proposta em nosso Janeiro Branco”, enaltece.
SAÚDE MENTAL, UM TABÚ
Meire Araújo aborda em suas palestras que os cuidados com a saúde mental devem deixar de ser um mito, ou mesmo uma associação ao termo da ‘loucura’. “Abordo e convido constantemente a repensarmos nossa condição emocional, nos apartando do preconceito que ainda paira sobre a temática da Saúde Mental. Muitos ainda veem as abordagens psiquiátricas/psicológicas como disciplinas que tocam apenas ao tratamento da loucura. Desconsiderando assim a amplitude que nossas ciências abarcam ao tratar aspectos emocionais que são inerentes à nossa humanidade. A exemplo, não conseguimos acessar nossas emoções como raiva, medo, alegrias, lutos… E nem tão pouco sabemos lidar com elas… Precisamos aprender a lidar”, finaliza.
JANEIRO BRANCO
O Janeiro Branco é uma campanha brasileira iniciada em 2014 que busca chamar a atenção para o tema da saúde mental na vida das pessoas. O mês de janeiro foi escolhido porque é nele que as pessoas estão mais focadas em resoluções e metas para o ano. A iniciativa foi criada pelo Psicólogo Leonardo Abrahão (Uberlândia/MG) em 2014, a partir de reflexões no sentido de até então, não termos nenhuma proposta alusiva ao tema.
Imagem: Prefeitura de Penha
