Hoje vamos falar de CAPACITISMO – por Regiane Capraro

Por Regiane Capraro

E hoje vamos falar de CAPACITISMO. O termo capacitismo tem sua origem do inglês, e seu significado é…  pessoas com deficiências são incapazes, são doentes, são exemplos de superação para dar motivação para o outro, é a discriminação de uma pessoa com deficiência. 

Há 21 anos sou mãe de uma moça com lesão cerebral, há mais ou menos 20 convivo com a discriminação. Isso torna-se uma luta constante, pois tudo é mais difícil, pelo fato de não verem a Julia, minha linda filha, como pessoa e sim veem só a deficiência. Para essas pessoas a deficiência é o grau limitante, quanto mais grave for, menos humano é… As Pessoas fazem perguntas como se minha filha fosse “qualquer coisa” menos ser humano. E ao longo desses 20 anos perguntas, situações e comportamento desses “ditos normais” foram várias…

Pessoas já tiraram filhos do lado de Julia, como se ela tivesse algo contagioso. Qual o motivo de ela ir para o ensino regular? Para eles, Julia teria que viver segregada. Ela não irá acompanhar igual aos outros alunos, como se ela não gostasse de estar na escola, como se não fosse capaz de aprender, como não tivesse o direito de estar ali.  Se ela não fala, ela pensa? Como se a palavra fosse a única forma de comunicação.

“Ahh, se fosse meu filho jamais a deixaria ir para o ensino regular, pois não irá acompanhar os ditos normais”.  Mas é só ter conteúdo adaptado para ela!

”Se fosse minha filha não colocaria em nada… tipo ballet, corrida, escola, a levaria só em passeio, para não ser constrangedor para ela”. Constrangedor? Para ela? Ou será que este pai se sentiria constrangido?

Quem falou que ela não gosta de estar com outras pessoas? Ela menstrua igual a uma mulher normal? rsrsrs não é ET… rsrsrsr.

“Tadinha, se ela é cadeirante seria melhor que ela estivesse com Deus”; quem falou que eles não gostam de viver? Professores se justificam com as falas: “não estou preparada”, “não sei lidar com isso”, “ela não tem raciocínio”, “é incapaz”… rotulam, diagnosticam e já dão um ponto final para uma vida que não conhecem

E o resultado dessa loucura chega no que encontramos hoje, mundo onde o capacitismo predomina, a deficiência é vista como algo errado, algo que tem que ser corrigido, ou até algo sobrenatural como se nossos filhos fossem anjos. O capacitismo é fundamentado em um corpo perfeito, que chamamos de “normal”, com isto desacreditam na capacidade e potencial de uma pessoa com deficiência, esquecendo o quanto é importante a convivência. E que eles podem ter uma vida ir à escola, trabalhar, balada, praia, shopping, cinema, namorar, casar…VIVER.     

A pessoa com deficiência é sempre vista como se não tivesse vontade própria, como se o responsável pensasse por ela. Somos os veículos de comunicação muitas vezes, mas as decisões vem deles, a vontade, o gostar, o querer, o se sentir bem ou não. Esta visão capacitista muitas vezes vem dentro da própria família e se estende para um todo. 

A sociedade que vivemos quer separar as pessoas com deficiências, chamando de incapazes, coitadas e infelizes. Porém quanto mais convivemos com a diversidade, aprendemos e entendemos que esta visão de perfeito, é algo abstrato, não fomos educados para lidar com o diferente que resulta muitas vezes em “chacota”. Esta visão faz com o que as pessoas não tenham o respeito a inclusão, acessibilidade e a diversidade, tornando a nossa caminhada muito difícil, muito difícil mesmo!

Pensando, chego à conclusão que as pessoas são muito infelizes, essa infelicidade vem do coração, lá dentro da alma,  elas nem percebem, pois quem tem a felicidade no coração carrega consigo a gratidão, consegue ver através dos obstáculos crescimento, que este dito “perfeito” está em nossas mentes, o que não é perfeito para você pode ser perfeito para outros. E assim caminha a humanidade, com seus passos lentos para uma visão evolutiva de empatia.