Janete Krueger em: ONDE HABITAMOS – MANEJO DE ÁGUAS PLUVIAIS

Com o processo de urbanização das cidades, após Revolução Industrial, e seu crescimento dos últimos 100 anos, as epidemias, os  conflitos sociais e a ocupação indevida dos espaços são problemas recorrentes na sociedade. Não é mero acaso.

E não menos conhecido deste meio urbano são os alagamentos, por incrível que pareça. E mais incrível ainda, são que estes problemas são recorrentes e as soluções desastrosas dadas a eles.

A ocupação de áreas impróprias como encostas de morros, mangues, várzeas de rios, áreas de matas ciliares, dentre outros, são habituais e trazem como causa e consequência, a situação de alagamentos.

 Talvez, na atualidade, esse manejo de ocupação não seja algo assim tão simples, considerando o numero populacional atual, mas ficar de “braços cruzados” definitivamente não é a solução para as cidades atuais e muito menos para seu futuro.

Erroneamente o manejo de águas pluviais é chamado de drenagem e consiste tradicionalmente em drenar o escoamento superficial gerado depois de uma chuva, afastando-a da fonte com o principal objetivo de evitar danos a propriedade causados por inundações.

Nessa visão, a água, que é um recurso essencial na nossa vida, se transforma em resíduo, considerando o dano que os alagamentos causam na sociedade. A chuva é um recurso essencial a vida e não um resíduo. E esse é o primeiro paradigma que devemos romper.

É primordial que o manejo das águas pluviais deve considerar a água da chuva como um recurso, que pode ser utilizado para diminuir o consumo de água potável, pode irrigar jardins e hortas, recarregar o aquífero e facilitar o fenômeno de evapotranspiração, importante para a regulação da temperatura das cidades.

 

 

É preciso dar correta importância aos prejuízos humanos e econômicos causados pelas inundações, mas não é simplesmente afastando essa água que resolvemos o problema, inclusive nos grandes centros urbanos, pois sabemos que esse tipo de conceito de gestão é inviável.

Vale salientar que a água das chuvas lava as cidades, seja o seu solo urbano ou no ar poluído. Sem chuva, as cidades seriam insustentáveis.

O escoamento superficial lava as superfícies da área urbana resultando em uma alta carga de poluentes que normalmente chegam aos rios e córregos sem nenhum tipo de tratamento. E pior, em uma velocidade incrível o que pega o “rio de surpresa” no volume e qualidade da água.

Para minimizar as consequências tão desastrosas é preciso utilizar sistemas de manejo que filtrem essa água na fonte, como a pavimentação permeável, incentivar as soluções baseadas na natureza, plantar a vegetação adequada nas cidades que se tornam aliadas no tratamento dessa água, ajudando assim a reduzir a carga de poluentes e a velocidade das águas decorrentes das enxurradas, sem saturar as estações de tratamento de esgoto tradicionais. Caso, alguma alma abençoada tenha pensado nessa hipótese, ou seja, canalizar as águas pluviais, é preciso descartá-la.

O manejo sustentável das águas pluviais é assunto complexo, de conhecimento especializado, mas necessário na sociedade atual e que não permite amadorismos como o que vemos dia a dia, após cada chuva intensa, no qual por um lado está o munícipe com seu prejuízo econômico e emocional e do outro o papagaio do pirata que grita arduamente as soluções pífias e imperfeitas.