Penha segue sofrendo com impactos pela falta de água neste verão

“Queremos água”. Esse foi o principal apelo de moradores e turistas durante uma manifestação realizada na última semana em Penha, no Litoral Norte do Estado. A cidade de pouco mais de 32 mil habitantes vem há anos sofrendo com a falta da água e a baixa no abastecimento, principalmente na temporada de verão.

Desde 2015, a responsabilidade pelo abastecimento na cidade é da empresa Águas de Penha, após contrato firmado com a Prefeitura. Atualmente, para garantir o abastecimento da cidade, a concessionária faz a compra de água da Casan, de Balneário Piçarras.

Durante a baixa temporada, a Casan disponibiliza 66 litros por segundo, que, segundo a Águas de Penha, atende a população total da cidade. Já em janeiro, por conta da temporada, a quantidade passa para 80 litros por segundo, capaz de atender um total de 48 mil pessoas.

Porém, a superlotação na cidade, principalmente durante as festas de fim de ano, acabou superando a capacidade de distribuição na cidade, o que gerou o desabastecimento no final de 2019 e início de 2020.

Problema histórico

Morando há cerca de 20 anos na cidade, Gilberto Manzoni, diretor da AMAPG (Associação de Moradores e Amigos da Praia Grande, Cascalho e Poá), explica que o problema no abastecimento é histórico e só aumentou com a demanda.

“Desde que me mudei para cá, no final de 1990,  existe esse problema. Porém, com o aumento da demanda, principalmente por conta do turismo, só aumentou”, conta.

Só em 2019, a concessionária investiu mais de R$ 6 milhões para minimizar os impactos no verão. Entre as ações, estão a perfuração e ativação de poços artesianos e a construção de um novo reservatório de água com capacidade de 2 milhões de distribuição.

Para Gilberto, os investimentos amenizaram os problemas, porém, ainda são necessárias novas obras e a instalação de uma rede de captação própria de água para resolver, de fato, a situação.

“Com essas obras, a água voltou mais cedo, houve rodízios e isto minimizou os problemas. No entanto, ainda há falhas. Na minha visão, apenas quando conseguirmos a independência no abastecimento é que a cidade conseguirá resolver de vez a falta da água nesta época do ano”, conta.

Impasse entre Prefeitura e concessionária

Na última semana, em nota, a Águas de Penha informou que foi contratada pelo município para equipá-lo com um sistema independente de água e tratamento de esgoto.  A Prefeitura seria responsável pelo pagamento das áreas onde serão implementados os equipamentos para funcionamento da Estação de Tratamento de Água.

No entanto, o município tem a intenção de repassar a responsabilidade à concessionária. Inclusive, o administrativo já encaminhou junto à agência reguladora um pedido de aditivo no contrato a fim de modificar as obrigações originais.

Outro impasse está nas autorizações, já que para passar a adutora que trará água do Rio Luis Alves para a ETA da cidade, é necessário que a Prefeitura obtenha a autorização de três municípios: Luis Alves, Balneário Piçarras e Navegantes. Segundo o executivo, entretanto, esta busca de permissões está em desacordo com o contrato estabelecido.

Além disso, a Prefeitura informou que, desde 2017, vem tentando um acordo junto à concessionária a fim de antecipar os investimentos e evitar o colapso do abastecimento. Também alega irregularidades no contrato firmado na gestão passada, as quais estão sendo apuradas por uma comissão administrativa do município.

Falta da água e os impactos no turismo

Penha recebe, em média, 2 milhões de visitantes anualmente durante a alta temporada. Para Gilberto Manzoni, diretor da AMAPG, o desabastecimento impacta diretamente o turismo, já que a cidade é um dos principais roteiros de verão no litoral Norte.

“É preciso que haja uma integração entre a concessionária e órgãos públicos  para discutir esse entrave”, destaca.

Para a Secretaria de Turismo da cidade, a imagem negativa o principal impacto da falta da água para o setor. Porém, de acordo com o secretário Edpo Cristiano Bento, isso é um problema que reflete não só em Penha, mas em todo o litoral catarinense.

“A falta de água gera um grande desconforto ao turista e faz com que ele não queira voltar na próxima temporada”, conta.

Além disso, Edpo enfatiza que, com a alta demanda, outros serviços públicos e privados também são afetados. Para concluir, o secretário garante que o governo vem trabalhando para reverter a situação e garantir o abastecimento.

Fonte ND