Faz 13 anos que moradores de rua do Centro de Penha ouvem promessa de pavimentação

Moradora afirma que prefeitura fez limpeza parcial da rua e despejou lixo no que deveria ser a calçada (Foto: Raffael do Prado)

A aposentada Lunalva Maria Nowaski, 63 anos, conhece bem o atual prefeito de Penha, Aquiles da Costa (MDB), e os seus antecessores Evandro Eredes dos Navegantes (PSDB) e Julcemar Alcir Coelho (MDB). Todos passaram pedindo voto na rua onde ela mora, a Antonio Leandro dos Santos, no Centro. E todos prometeram a mesma coisa: a pavimentação da via.

Treze anos após a primeira promessa, Lunalva olha para a rua com desgosto. Mal pode deixar as janelas de casa abertas que a poeira toma conta. Em frente à casa onde vive, o mato tomou conta do que se pode chamar de calçada e avança para o meio da via. Um gato foi atropelado na semana passada e descartado em uma moita cheia de lixo. “Nem parece que estamos no Centro da cidade”, dispara.

E ela tem razão. A Rua Antonio Leandro dos Santos destoa das ruas vizinhas, a maioria pavimentada. A via começa na esquina com a Rua Duque de Caxias e termina onde começa um mangue. Ruas vizinhas como a José Waltrick, Narcisa Fausta Marçal e Felício Adriano, são pavimentadas. “Todos, menos a gente”, reforça a moradora, cobrando atenção da prefeitura de Penha.

Aliviada em troca de voto

Na eleição municipal de 2016, Lunalva lembra que o então prefeito Evandro passou na rua com o Júlio Lanches (DEM), candidato governista, à tira colo. Ela recorda que a única coisa que o PSDB fez na rua foi a tubulação. “Depois vieram aqui pedir voto e reclamamos da poeira. No mesmo dia despejaram brita na rua toda, para aliviar a nossa vida. Claro que era por causa da eleição”, afirma Lunalva.

Não tá no “Acelera Penha”

No último dia 5 de julho, o prefeito Aquiles da Costa anunciou o programa “Acelera Penha”, pacote de obras para pavimentar 42 ruas de Penha em um ano e meio. A rua da aposentada Lunalva não aparece na lista das que serão contempladas pelo programa. “É um absurdo. Já passou um ano e meio de governo e ele não veio aqui. Só veio pedir voto e prometer que pavimentaria. Depois, abandonou. Se vier de novo, vai ser escaldado com água quente”, avisa a moradora.

Há algumas semanas, segundo ela, uma máquina da Secretaria de Serviços Urbanos esteve na rua, mas fez a limpeza só de uma parte. Depois, o retirado foi todo despejado em frente à casa dela. “Como se aqui fosse um lixão”, afirma.

A professora Angela Jacinto, 69, mora na Rua Antonio Leandro dos Santos na casa em que nasceu. Ela, mais do que ninguém, conhece bem a realidade daquela comunidade. “A gente sabe que a calçada é obrigação do morador. Mas como vamos fazer alguma coisa se nem a infraestrutura de rua a prefeitura faz. É um descaso total”, avalia.

Procurada, a prefeitura não se manifestou até o fechamento desta reportagem.