Para todas as mulheres

Nos privaram e nós assumimos as ruas.

Nos calaram e nós fomos as universidades e escrevemos livros.
Nos disseram que só servíamos para cuidar dos filhos e nos tornamos doutoras.
Nos disseram que só servíamos para pilotar fogão e nós pilotamos caças.

Nos deixaram de fora das decisões e nós conquistamos as urnas.
Nos desencorajaram e nós chegamos a presidência do país.
Nos agrediram e nós nos tornamos ministras, juízas, promotoras, advogadas, policiais.
Nos jogaram umas contra as outras e falaram em nome de Deus. Nós formamos grupos e fundamos institutos, ONGs e nos tornamos pastoras.

Nos disseram que discutir gênero era sobre cores e sobre sexo, e nós estamos mostrando que é sobre direitos, sobre liberdade, sobre empoderamento.

Nos perseguem o tempo todo com seus julgamentos e nós resistimos.
E resistiremos até o dia que possamos viver em paz, até que não tenhamos pena ao ver uma menina nascer sabendo tudo que ela vai enfrentar.

Decidiremos sobre os nossos corpos: nossa própria saúde, sobre a nossa natureza de colocar alguém no mundo, sobre a cor do nosso batom ou o tamanho das nossas roupas, sobre os olhos que os veem e as mãos que os tocam, sobre o que pensamos, acreditamos e realizamos quando e como quisermos.

Um dia ou mês é muito pouco para quem somos. Dia 08 de Março não é um dia bonitinho para fazer de conta que está tudo bem.

Não queremos comemorações nas empresas, queremos a garantia que seremos respeitadas durante a gestação e que teremos de fato estabilidade ao voltarmos ao trabalho pós licença maternidade. Queremos amamentar conforme a CLT sem cara feia. Não queremos ser pressionadas ou intimidadas por sermos mulheres ou consideradas incapacitadas por sermos mães.

No dia 8 de Março, troque os clichês por respeito, apoio, encorajamento e suporte.
Nenhum título me representa neste mês quanto apenas um: MULHER.
Um abraço, Muri.