Outubro Rosa sem mamógrafo
O mamógrafo doado pelo governo do estado ao município de Penha, em novembro de 2015, ainda não foi instalado. A prefeitura aguarda um comunicado da fabricante, a General Electric (GE), sobre as condições da máquina, apreendida pela Receita Federal e repassada à Secretaria de Estado da Saúde (SES). A Receita, conforme informações da SES, apreendeu seis aparelhos. Um deles chegou a Penha após articulação do ex-vereador Felipe Schmidt (PSD).
Falta de preocupação
Quando o mamógrafo foi entregue à prefeitura, o município estava sob o comando do prefeito Evandro Eredes dos Navegantes (PSDB). Nem ele e nem o então secretário de Saúde, Cleiby Darossi, deram um passo à frente para que as mulheres de Penha tivessem à disposição um aparelho que ajuda a detectar a possível presença do câncer de mama. Pelo exame de mamografia, é possível observar pequenas lesões e começar a aplicar o tratamento adequado desde o início.
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Transição de governo
Ano passado, após a eleição, Evandro e Aquiles da Costa (PMDB), o atual prefeito, sentaram à mesa e se debruçaram nas entranhas da administração pública. Aquiles assumiu sabendo que o mamógrafo estava encaixotado e que o PA 24 horas, para citar mais um exemplo, estava padecendo dia após dia. Em entrevista à Rádio Pérola, a secretária de Saúde, Elisama Freitas, disse que o governo fez de tudo para ligar o aparelho.
Sala
Construíram uma sala própria para a geringonça e, quando foram abrir a caixa, a surpresa: o aparelho “era muito antigo”, “tinha mais de 10 anos de fabricação”, “só quem pode montar e calibrar é a assistência técnica do fabricante”, “tem que ver se ainda fornecem peças de manutenção”, e mais algumas desculpas pela falta de planejamento e eficiência na gestão pública.
Devolve
Juntos com as desculpas veio o mês de outubro, o mês do Outubro Rosa, quando a importância da prevenção ao câncer de mama ganha a mídia. O Outubro Rosa chegou e mamógrafo continua desligado. Eu não gosto de exercícios de adivinhação, mas, vamos lá: se, durante a transição do governo, Aquiles e Evandro tivessem se preocupado em debater a questão do mamógrafo, quantos exames já teriam sido realizados em Penha?; quantas mulheres já teriam, em mãos, o diagnóstico preciso e a indicação para o melhor tratamento? Se Aquiles tivesse aberto a caixa, logo no começo do mandato, e visto que o mamógrafo era, como hoje alega a prefeitura, um presente de grego, ele teria licitado outro aparelho?
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De quem é a culpa?
Para desinformar a população e esconder a falta de capacidade, gestores, funcionários da prefeitura e vereadores da base governista apostam em uma agenda de perseguição: o alvo, o ex-vereador Felipe, que em 2015 trouxe o mamógrafo para Penha. Aparelho apreendido pela Receita Federal e que não custou nenhum centavo do bolso dos contribuintes catarinenses, como circula pela cidade. Os esforços da prefeitura estão sendo em vão. Quem tem a responsabilidade pelo aparelho é o Município. É ruim? Devolva. Só não vale brincar com a saúde das mulheres em um assunto tão sério quanto este.
Vale tudo
No jogo político do Outubro Rosa teve vereador dizendo que o mamógrafo custou R$ 950 mil; depois outro baixando o valor para R$ 500 mil. Outros, usando dólares no lugar de real para aumentar a importância do debate. Depois, quando se descobriu que o aparelho veio de uma apreensão da Receita Federal, todos se calaram. Mea culpa não cabe na ringue politiqueiro.
Contraponto
Em entrevista à Rádio Cultura, de Balneário Piçarras, o ex-vereador Felipe Schmidt comentou que foi uma pena não terem avaliado o aparelho assim que o mamógrafo chegou a Penha. “Demoraram dois anos para chegar à conclusão que o aparelho não serviria”, disse. O mamógrafo foi articulado por Felipe quando o secretário de Estado da Saúde era João Paulo Kleinübing. Segundo a assessoria do deputado, se a prefeitura não conseguir instalar o aparelho doado, o ex-secretário, que voltou ao cargo de deputado federal, se colocou à disposição para enviar recursos a Penha para a aquisição de um novo mamógrafo.
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