A homenagem da Câmara de Vereadores às mulheres foi além das flores e dos discursos vazios

Quem participou ontem à noite na Câmara da homenagem ao Dia Internacional da Mulher se surpreendeu. A sessão solene foi marcada pelo debate, troca de ideias e pela ausência do costumeiro machismo.

Quem comanda a Casa é uma mulher, a vereadora Maria Juraci Alexandrino (PMDB). Em uma Câmara dominada por homens, foi um alento ouvir a presidente falar em empoderamento feminino e apresentar na homenagem exemplos de mulheres que se superam a cada dia.

As cadeiras dos vereadores foram ocupadas por elas. Na mesa principal, um time de respeito: além da presidente, participaram a socióloga Valéria Mont Serrat, a escritora penhense Iria Schnaider, a presidente do Rotary Club de Penha, Ivete Janke, a juíza da Comarca de Balneário Piçarras, Regina Aparecida Soares Ferreira e a deputada estadual Dirce Heiderscheidt (PMDB). E à frente delas, 11 mulheres escolhidas para receber as homenagens da noite.

Debate

A socióloga Valéria falou sobre o papel da mulher na sociedade e como elas foram ganhando espaço ao longo da história da humanidade. A escritora Iria comentou da luta diárias das mulheres. “É preciso muito trabalho. Nada se consegue fácil e tudo começa em casa, na educação e na convivência. Os homens têm que ser nossos companheiros, nossos amigos. As mulheres têm que parar de pensar que são seres inferiores. Estamos aqui para construir um mundo melhor”, disse Iria.

A presidente do Rotary de Penha, Ivete Janke, destacou o papel da entidade em nossa cidade e falou dos projetos sociais que o clube oferece ao município, como o que tem sido feito na Escola Básica Municipal João Batista da Cruz, na localidade do Mariscal. Lá, o clube proporciona oficinas de artes cênicas e educação.

Em seguida falou a juíza de Balneário Piçarras, Regina Aparecida Soares Ferreira. Para ela, as mulheres precisam trabalhar a questão da autoestima. “Cabe a nós, mães de meninos, saber educá-los para que nos tratem com respeito. O machismo existe e está aí. E eu sinto isso. Às vezes, eu entro em um sala de audiência e dou boa tarde e tem gente que não me olha, não me responde. O que eu faço? Pergunto se a pessoa não está me vendo. A pessoa acaba sendo obrigada a me responder”, falou.

A juíza fez um apelo: “Precisamos dos vereadores para que criem políticas públicas para que a Lei Maria da Penha tenha efetividade. A mulher apanha em casa e sofre violência psicológica, que é a pior, porque a mulher acha que ela é a culpada. Quando na verdade não é isso”, completou.

Galeria de vereadoras

A sessão solene de ontem também marcou a inclusão da fotografia de Regiane Aparecida Severino (PMDB) à Galeria de Vereadoras. Ela faz parte da atual Legislatura e comentou que sente feliz em poder colaborar com a cidade. “Para mim é muito importante representar as mulheres. Eu espero fazer isso da melhor maneira possível. Tenho o desejo também de que as mulheres se emancipem cada vez mais e em todos os setores da sociedade. A política precisa de mais mulheres”, afirmou

As homenageadas

Após o debate, 11 mulheres de Penha foram homenageadas pelas vereadoras e vereadores. Um vídeo produzido pela Câmara foi apresentado na sessão contando as histórias de algumas delas. Em seguida, elas receberam uma placa de cada parlamentar. Confira abaixo um perfil de cada homenageada.

Adelina Maria de Souza da Conceição, homenageada pela vereadora Maria Juraci Alexandrino

Conhecida em toda a cidade como Dona Didi, foi servidora da Câmara de Vereadores de Penha, onde atuou como secretária pouco tempo depois da emancipação do nosso município. Dona Didi foi nomeada em 4 de agosto de 1962 pelo então presidente da CVP, Francisco Leopoldo Fleith.

Nascida em 27 de outubro de 1938, é casada com o senhor Alceu Alfeu da Conceição, com quem teve quatro filhos. Dedicou boa parte de sua vida ao serviço público, atuando por 28 anos na antiga Exatoria do Estado de Santa Catarina.

Ana Viera Siqueira (representada pela neta), homenageada pelo vereador Everaldo Dal Posso

Nasceu em 27 de março de 1932. Natural de Penha, cresceu no bairro São Nicolau, numa família de cinco irmãos. Quando casou-se veio morar em Armação, onde vive há mais de 50 anos. Dona Ana teve oito filhos, todos vivos, com doze netos e seis bisnetos. Desde criança trabalhou na agricultura e continuou trabalhando após casar-se, garantindo o sustento de sua família.

Católica, dona Ana é devota de nossa senhora de Fátima e mais um exemplo de fé e perseverança da mulher penhense.

Aurora Gilda Pinto dos Santos, homenageada pelo vereador Jesuel Francisco Capela

Nasceu na Penha no dia 13 de agosto de 1950. Ficou conhecida na cidade por se tornar cabeleireira e até hoje é lembrada pelos seus permanentes. Mãe de quatro filhos que foram criados na rotina dividida entre o salão de beleza e a casa, conseguiu com muito amor e trabalho criar os mesmos de forma digna e exemplar, tendo hoje 10 netos e um bisneto, orgulhando-se da casa cheia nos almoços de domingo. Homenageada neste Dia Internacional da Mulher, dona Aurora é um exemplo de vida.

Dorly Rosa Faita Wagner, homenageada pelo vereador Silas Antonietti

Tem 48 anos e é natural de Faxinal dos Guedes (SC).  Farmacêutica e bioquímica de formação, mora há 21 anos no município de Penha. É casada, mãe de três filhos e empresária de sucesso. Exemplo de garra e determinação, Dorly é a atual presidente da Associação Comercial do município e também da Câmara de Dirigentes Logistas (CDL) de Penha, tornando-se exemplo do protagonismo feminino no meio empresarial.

Dorly trouxe para o município o primeiro laboratório de análises clínicas e, em 2002, implantou o único plantão 24 horas da região. Em 2003 o Laboratório Faita foi credenciado no SUS (Sistema Único de Saúde), realizando mais de 200 tipos de Exames Laboratoriais.

Georgina Alice Felicio, homenageada pelo vereador Maurício Brockveld

Tem 87 anos, criou quatro filhos e orgulha-se de seus oito netos e seis bisnetos. Mora no bairro Santa Lídia há 64 anos. Professora aposentada, começou a lecionar no município de Nova Trento (SC) em 1950, com apenas 20 anos de idade.

Três anos mais tarde, após fazer o concurso de remoção, foi transferida em 19 de fevereiro do ano de 1953 para a Escola Reunida “Professora Edith Prates Gonçalves”, no bairro penhense de Santa Lídia, onde atuou como professora por 27 anos, sendo 17 anos na direção da unidade de ensino.

Iracema Vicente Pereira, homenageada pelo vereador Maurício da Costa

Iracema Vicente Pereira, conhecida por todos como dona Pepa, nasceu em 25 de maio de 1931, no bairro dos Machados, município de Navegantes (SC). Ainda na década de 1950 mudou-se para Penha onde casou-se e criou seus oito filhos.

Uma das mais tradicionais parteiras penhenses, dona Pepa ajudou a trazer ao mundo mais de 50 bebês. Outra curiosidade sobre esta grande mulher é o fato de conhecer as técnicas da Tanatopraxia, nome dado ao preparo dos corpos para o velório.

Atuante na Igreja Católica, dona Pepa contribuiu para construção da Capela e da Escola Municipal Maria Emília da Costa, ambas na comunidade da Prainha de São Miguel.

Maria Francisca Bento (representada pela filha Maria Inocêncio), homenageada pela Mesa Diretora da Câmara de Vereadores de Penha

Teve 11 filhos, 56 netos, 66 bisnetos e nove tataranetos. Este é o legado deixado pela mulher mais idosa do município, que completará 106 anos em maio deste ano. Nascida em 1911, dona Maria nasceu na comunidade das Cabras, onde hoje é o bairro São Nicolau e, ainda muito jovem, com apenas 15 anos de idade, se casou, trabalhando na roça ao mesmo tempo que cuidava de seus filhos. A senhora carismática e cheia de personalidade vive cercada do amor de sua família e cultivando o seu principal hobby: cuidar das flores e da horta em seu quintal.

Maria Francisca Domeciano, homenageada pelo vereador Isac Hamilton da Costa

Mãe de cinco filhos, é pastora formada e tem seu próprio ministério na Igreja “Unidos na Fé em Cristo”. Ela realiza diversas ações beneficentes, sempre buscando ajudar os mais necessitados. Com simplicidade encantadora, é guerreira e exemplo de amor ao próximo.

Sempre atuando sozinha em suas atividades filantrópicas, com muito amor e carinho, sem lucro algum, a pastora Maria Francisca exerce com amor e prazer o dom lindo que deus lhe deu: ajudar a quem precisa!

Maria Helena Cardoso Bento, homenageada pelo vereador Joaquim Costa

Nasceu no município de Itajaí (SC) em 7 de dezembro de 1955, mas ainda jovem mudou-se para Penha. Casada há 46 anos com o pescador João Franqlin Bento, criou sete filhos (seis homens e uma mulher). Quando seu esposo perdeu uma perna em um acidente de trabalho, dona Maria Helena foi para o mar, auxiliando o marido no dia a dia de seu trabalho na pesca artesanal, tornando-se provavelmente a única pescadora do município, fazendo boa parte do árduo trabalho braçal. Trabalhadora e honesta, Maria Helena nunca deixou se abater pelas dificuldades da vida, tornando-se mais um exemplo de garra e determinação da mulher penhense.

Neusa Felomena Volpi, homenageada pelo vereador Antônio Alfredo Cordeiro Filho

Nasceu no município de Guaramirim (SC) em seis de junho de 1946. Viúva do empresário Arno Vitorino Volpi, com quem teve dois filhos, foi sócia no Rotary Club e uma das fundadoras da Casa da Amizade de Penha. Dona Neusa dedicou toda a sua vida ao trabalho voluntário, auxiliando também na catequese católica de crianças e adolescentes. Por muitos anos participou da comissão da Igreja com dedicação e muito trabalho. Atualmente, com apoio e ajuda de empresários do comércio e indústria local, realiza todos os anos a campanha do cobertor e do sacolão, auxiliando a população mais carente.

Regina de Espindola, homenageada pelo vereador Luiz Américo Pereira

Regina de Espindola nasceu em 20 de agosto de 1966 no município de Imarui/SC. Aos 20 anos veio morar em Penha onde casou-se e teve dois filhos e dois netos. Após cinco anos residindo em nossa cidade, Regina começou a trabalhar no ramo de reforma de carrinhos para supermercados, empresa que já completa 25 anos de atividade, com clientes em todo estado de Santa Catarina e até no Paraná. No ano de 2010 começou um trabalho voluntário na igreja evangélica Assembleia de Deus sede como tesoureira da união feminina (Ufadepe) ao lado da coordenadora Eliete Pereira.

Selma Sizete Amaro, homenageada pelo vereadora Regina Aparecida Severino

Iniciou sua carreira como professora estatutária em 1974. No ano de 1981 passou a ser professora celetista, trabalhando na época com turmas multisseriadas, em um tempo que as escolas não tinham serventes e nem merendeiras, cabendo às professoras, para além de sua atividade de lecionar, fazer a merenda e a limpeza da escola, inclusive trabalhando aos sábados.