Sessão da última sexta na Câmara de Penha foi marcada pela troca de favores

“Vota no meu que eu voto no teu”. Essa frase define bem a sessão extraordinária da Câmara de Vereadores de Penha convocada para a última sexta-feira (9), às 14h.

Dois projetos de emenda à Lei Orgânica estavam na pauta antes do começo da sessão, ambas de interesse do PMDB: uma propõe a alteração do mandato da Mesa Diretora para um ano; hoje são dois.

A outra emenda quer antecipar para às 10h do dia 1º de janeiro a posse de prefeito, vice e vereadores. As duas foram aprovadas nessa primeira votação. É preciso uma segunda votação para que passem a valer a partir de 2017.

4979
Sessão foi um verdadeiro balcão de negócios

Pouco antes do começo da sessão, o vereador Felipe Schmidt (PSD) questionou o presidente da Casa, Clóvis Bergamaschi (DEM), sobre o projeto de emenda à LOM que quer proibir vereador de assumir cargo na prefeitura.

Felipe é um dos autores da proposta e quis saber por qual motivo o dispositivo não foi incluído na pauta da extraordinária. A responsabilidade da pauta é do presidente e se o projeto de Felipe não fosse incluído na sessão de sexta, não haveria tempo para uma segunda votação.

Felipe e Clóvis se desentenderam, funcionários da Casa, que prestam apoio ao Plenário, não concordam com o pedido de Felipe. Quando o relógio marcava 14h08min, a sessão deu início com o projeto de Felipe na pauta.

O prefeito eleito de Penha, Aquiles Costa (PMDB), chegou no meio desse entrevero entre Felipe e Clóvis. Aquiles apareceu com um assessor e sentou-se à frente do Plenário, à espera das votações.

4974
O prefeito eleito, Aquiles Costa (PMDB), acompanhou a sessão

Enquanto a secretária da Casa fazia a leitura do discutido na sessão anterior, os vereadores deram início ao balcão de negócios.

O PMDB precisava de 8 votos para garantir que as emendas passassem pela primeira votação. Os votos garantidos para o projeto do mandato de um ano: Clóvis, Toninho (DEM), Isac da Costa (PR), Professora Juraci (PMDB), Sérgio de Mello (PMDB), Claudinei Pressi (PSDB) e Márcia Pinheiro (PSDB).

Faltava 1 e esse voto viria ou do vereador Jefferson Custódio (PSB) ou de Adriano Tibeco (PSDB). Juju (PSDB) e Felipe já demostravam que não votariam na alteração do mandato da Mesa Diretora.

O vereador Jefferson chegou atrasado à sessão e pegou o bonde andando. Assim que entrou na Casa, foi recebido pela vereadora Juraci com uma conversa ao pé do ouvido. Em seguida, Jefferson foi assediado por Felipe, que o questionou como votaria. Jefferson disse que ainda não sabia.

Nesse momento, o vereador Sérgio foi até o vereador Felipe e fez a seguinte proposta: “Vota nos nossos projetos que a gente vota no teu”.

As votações

O projeto que altera para um ano o mandato da Mesa Diretora foi o mais discutido. Para o PMDB, é essencial que o projeto seja aprovado, já que em 2017 o partido terá nas mãos 4 vereadores da legenda e mais dois eleitos com a coligação “Penha Para Todos”, Isac e Maurício Brockveld (Pros). A ideia do partido é dividir a presidência entre os seis.

O primeiro a falar foi o vereador Sérgio. De forma sucinta, ele disse que a experiência deu muito certo com Felipe e Clóvis (que dividiram a presidência entre 2014 e 2016) e que em Navegantes o mandato de um ano funciona há 20 anos.

A vereadora Juraci não poupou esforços para defender a ideia e cobrou de Felipe os votos do PMDB que garantiram a presidência para ele em dezembro de 2014. “O PMDB teve uma boa conversa com o vereador Felipinho (naquela época), tanto que ganhou os nossos votos. Contamos agora com os votos de vocês”, deu o recado.

Ao final da discussão, o projeto foi aprovado com 9 votos favoráveis e duas abstenções. Felipe e Juju não votaram.

Os outros dois projetos de emenda à Lei Orgânica, o que muda o horário da posse para às 10h do dia 1º de janeiro, e o que impede vereador de assumir cargo na prefeitura, foram aprovados por unanimidade, sem discussão.

Tibeco insatisfeito e Márcia no governo Aquiles

O vereador Adriano Tibeco votou favorável pela redução do mandato da Mesa Diretora. O voto dele foi um recado para o PSDB. Tibeco está insatisfeito na legenda e se diz “sem pai” desde que perdeu a eleição em outubro. “Eu volto para a Secretaria da Fazenda dia 2 de janeiro com um diretor e um secretário em cima de mim. O meu partido me abandonou”, disse no final da sessão. Adriano é funcionário concursado da Fazenda.

A vereadora Márcia parece ter encaminhando um cargo para ela no governo do prefeito eleito, Aquiles. Em alto e bom som, ela perguntou ao assessor de Aquiles se “aquela situação já estava resolvida”. O assessor respondeu que sim.

“A Márcia se vendeu por um carguinho”, comentou um vereador.

Hoje à noite, às 19h, tem sessão ordinária na Câmara. Como estarão os ânimos?



One Reply to “Sessão da última sexta na Câmara de Penha foi marcada pela troca de favores”

Comments are closed.