Jogos da terceira idade trazem 1680 atletas de 154 cidades

Raffael do Prado, especial para o DIARINHO (publicado dia 6 de junho)
Foto: Douglas Schinatto

Líbera Bridi Peller, 73 anos, encarou quase 10 horas de viagem entre Iomerê (meio oeste catarinense) e Itajaí, que sediou até ontem a 9ª edição dos Jogos Abertos da Terceira Idade (Jasti). Ela foi escalada como reserva do time de dominó feminino, comandado pelas irmãs dela, de 80 e 82 anos.
Enquanto as mais velhas estavam concentradas em uma partida contra a equipe de Agrolândia, Líbera aproveitou o tempo livre para fazer amizades. O Centreventos foi palco das modalidades de canastra, truco, dominó e dança de salão. E foi lá que a senhorinha ficou amiga da também jogadora de dominó Idalina Hatreille, 70.
As duas se conheceram sexta-feira à tarde e comentavam sobre o frio do fim de semana. Idalina é de São Domingos, perto de Iomerê, e no oeste catarinense todos já estão acostumados ao rigor do inverno. Mas aqui tem o rio Itajaí-açu, soprando o vento gélido do mar aberto. “A temperatura nem está tão baixa assim, mas o vento é o que preocupa. Lá (São Domingos), quase não venta e é mais fácil aguentar o frio. Aqui parece que o vento vem por baixo, gelando o nosso pé”, descreveu Idalina.
A moradora de São Domingos é veterana nos Jogos da Terceira Idade. É a sexta vez que participa. Ela explica que o que a motiva são as viagens e a chance de conhecer gente e cidades diferentes. Mais mesmo que os jogos de dominó. “Os jogos sempre acontecem em cidades diferentes e é como fazer turismo, a gente aproveita para passear; é muito legal”, contou.
Líbera ficou hospedada em Navegantes e adorou conhecer a beira-mar da cidade, onde está a maior praia de Santa Catarina. “É um viver diferente em nossa idade, é enxergarmos coisas maravilhosas e que provavelmente não iríamos conhecer se não fosse pelos jogos”, analisa. Foi a primeira vez nos Jasti e, apesar de não ter jogado nenhuma partida de dominó, aproveitou cada momento. Apesar da torcida, as irmãs de Líbera não avançaram no dominó feminino. O título ficou com a dupla Nilsa e Claudia, de Itajaí.

Toda a emoção do truco
Sexta-feira passada, por volta as 15h30, algumas senhoras ainda disputavam as finais do truco. Era, certamente, o lugar mais divertido do Centreventos. Para avançar no jogo tenso, muito blefe e gritos. Entre um “truco” e alguns “seis pau”, o técnico da equipe de Criciúma, Eliseu Machado, 38, roía as unhas enquanto as alunas travavam um jogo apertado, empatado em 1 a 1.
De repente, um grito de vitória ecoou, cravando a vitória das senhorinhas de Criciúma. Elas avançaram na disputa, mas quem ficou em primeiro lugar foi o time de Concórdia.
A dupla de Concórdia campeã no truco, Iraci Catarina Trombeta Ficanha, 64, e Lucila Maria Kerber, 75, teve que enfrentar um perrengue e tanto para chegar até a vitória. Antes da viagem para Itajaí, Iraci ficou 15 dias de cama, acometida de uma crise de tosse e Lucila lutava para se recuperar de uma conjuntivite que a impedia de treinar.
As duas venceram todas as sete partidas que disputaram. “É uma emoção indescritível ser campeã estadual. Mas já esperava este título, pois treinamos muito,” comemorou.
Nilo Hobold, 60 anos, era o técnico da equipe de canastra masculina. Entre uma anotação e outra na prancheta, fazia cálculos para ver em que posição a equipe estava, já que tinha perdido a primeira partida. Era preciso ganhar, mas ganhar bem por uma diferença grande de pontos. E eles conseguiram vencer muito bem na sexta-feira: fecharam com 3065 pontos contra 1080 da equipe de Concórdia.

A competição
Itajaí recebeu, entre quarta-feira (1) e domingo (dia 5), 1680 atletas de 154 municípios com idade a partir de 60 anos. Por ser um evento de participação, não há campeão geral da competição, apenas por modalidades. Para o presidente da Fesporte, Milton Cunha, a 9ª edição dos Jasti foi positiva, pois cumpriu o objetivo de ajudar a integrar o idoso à sociedade por meio do esporte. “Nestes dias de competição vimos emoção, alegria, respeito pelo adversário e espírito esportivo e muita valorização da vida”, destacou Cunha.

Começou com a dança
Os primeiros troféus dessa edição dos Jasti saíram para a Dança de Salão. Os competidores dançaram nos estilos valsa, vanerão e bolero. A disputa foi dividida em duas categorias: a A, constituída por participantes de 60 a 69 anos, com disputa de 26 casais, e a categoria B, com 20 casais disputando o título na categoria 70 anos ou mais.
Na categoria A, o vencedor foi o casal de Agronômica formado por Gerson e Márcia Maria Cunha Dickow, que somaram 47,90 pontos. O segundo lugar ficou com o casal de Videira, Brasiliano e Margarida Duarte, 47 pontos, e em terceiro, de Planalto Alegre: Valter e Ione Braghini com 46, 90 pontos conquistados. “A emoção que estou sentindo é indescritível”, resumiu o campeão Gerson Dickow.
Já na categoria B, sagrou-se campeã a cidade de Palmitos com a dupla Primo Valentim e Eloi Teresinha Batista com 48,40 pontos, seguidos de Nilza Neves e Luiz Alberto, de Florianópolis, com 48,30 e Idail Oro e Zenaide Gehlen, em terceiro, de Abelardo Luz, com 47 pontos. “Todos os anos ficávamos em terceiro, quarto ou segundo lugar e finalmente conseguimos o primeiro lugar,” comemorou a campeã Eloi Teresinha

Teve até bicampeão
A edição dos Jasti de Itajaí consagrou o município de Santigo do Sul como bicampeão geral da dança livre. O município levou ao palco a coreografia “Quem comeu meu queijo”, das coreógrafas Angela Toazza e Kerli Trentin. O segundo lugar ficou com a coreografia “Essas Mulheres”, de Balneário Camboriú, performance da coreógrafa Fátima Folcchini.

Os campeões da 9ª edição dos Jasti
Dança de salão (60 a 69 anos): Agronômica
Dança de salão acima de 70 anos: Palmitos
Dança popular: Florianópolis
Dança livre: Santiago do Sul
Bocha masculino: Florianópolis
Bocha feminina: Balneário Camboriú
Bolão 23 masculino: Chapecó
Bolão 23 feminino: Blumenau
Canastra masculino: Ascurra
Canastra feminino: Rio dos Cedros
Dominó masculino: Joinville
Dominó feminino: Itajaí
Truco masculino: Arroio Trinta
Truco feminino: Concórdia